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quarta-feira, 26 de maio de 2010

RELACIONAMENTO DA FILOSOFIA COM A TEOLOGIA (COLIN BROWN)

         A palavra "filosofia" significa literalmente amor à sabedoria. Pitágoras, que nasceu por volta de 570 a.C., considerado o primeiro pensador que se intitulou filósofo, via os filósofos como espectadores nos jogos festivos, e não como atletas. Desde então, os filósofos sempre têm-se orgulhado de olhar para as coisas imparcialmente. Mas repudiaram a idéia de que a filosofia é um esporte de expectadores passivos. É uma luta sem descanso diferenciar a realidade das aparências. Apenas recuando e fazendo as perguntas certas podemos esperar chegar à verdadeira natureza das coisas.
          
COMPREENDENDO A NATUREZA DAS COISAS:
       
          Através dos séculos os filósofos têm discordado a respeito do que poderia ser a verdadeira natureza das coisas.
¨¨¨¨  PLATÃO: (427-347 a.C.) Tinha uma visão das eternas idéias ou formas que jazem por trás de nosso mundo físico, mutante e decadente. Na frente dessa hierarquia de formas estava a forma do bem.
¨¨¨¨  ARISTÓTELES: (384-322 a.C.) Via o mundo como produto da interação de diversas causas. Se voltarmos atrás o bastante, devemos presumir uma Causa Primeira para tudo.
¨¨¨¨  RACIONALISTAS DO SÉCULO XVII: Buscavam descobrir a estrutura racional da realidade, orientados apenas pela razão.
¨¨¨¨  EMPÍRICOS: A razão isolada não basta: todo o nosso conhecimento deve ser fundamentado na informaçaõ fornecida pelos sentidos.
¨¨¨¨  MATERIALISTAS: Não há realidade além do físico.
¨¨¨¨  IDEALISTAS: Tudo o que é físico é expressão da operação de uma mente absoluta e espiritual.
¨¨¨¨  AGNÓSTICOS: Tais questões não podem ser resolvidas dessa ou daquela forma por causa das limitações do conhecimento humano.
¨¨¨¨  EXISTENCIALISTAS: Preocupados com o que fazer com a existência humana diante das incertazas da vida ausência de valores absolutos no mundo materialista.


          Latente em todos esses filósofos estão as perguntas recorrentes: "O que devemos fazer com o mundo em que vivemos? O que existe por trás dele, se é que existe? Como podemos fazer? Como chegamos a saber? Podemos ter certeza?" A variedade de respostas apresentadas não depende de modo algum das pressuposições básicas e dos compromissos do filósofo que dá a resposta. 


O ESTUDO DE DEUS:


          O termo "teologia" significa basicamente discursar a respeito de Deus. Mas falar de Deus levanta a questão: "Como saber se o que estou dizendo a respeito de Deus é verdade?. Por isso a palavra "teologia" é utilizada em referência ao estudo disciplinado de Deus, de sua natureza, de seus atributos e de seus relacionamento com o universo e as pessoas. A teologia cristã fundamenta-se na crença de que Deus se revela na natureza, na história e nos negócios humanos. O Deus que se revelou dessas formas é aquele que fala na Bíblia e se fez homem em Jesus Cristo. A teologia cristã tenta compreender o que Deus nos revelou e o que essa revelação significa.
           Desde o tempo da igreja primitiva tem havido um relacionamento constante de amor e ódio entre a teologia e a filosofia.
¨¨¨¨  JUSTINO MÁRTIR: (apologista grego, morreu em 165) Considerava a filosofia grega uma preparação do mundo gentio para vinda de Cristo mais ou menos da mesma forma que o Antigo Testamento preparara o povo judeu.
¨¨¨¨  TERTULIANO: (apologista latino, 160-220) A filosofia é do diabo e a raiz de toda heresia.
¨¨¨¨  ORÍGENES: (185-254) Adaptou livremente o pensamento platônico como explicação da doutrina cristã. 
¨¨¨¨  TOMÁS DE AQUINO: (1225-74) Utilizava as recém-descobertas obras de Aristóteles como como fundamento filosófico para a teologia. No pensamento tomista, fundamentos nos ensinos  de Aquino, a teologia natural (o conhecimento de Deus baseado em nossa observação do mundo) serve de fundamento da teologia revelada, que depende de revelação especial em Cristo e na Bíblia.
¨¨¨¨  OS REFORMADORES: Embora não eliminassem de todo as idéias gregas e medievais dos seus esquemas de pensamento, geralmente desprezavam a teologia natural a favor da teologia revelada contida na Bíblia.
          Desde o século XVII os filósofos têm sido cada vez mais hostis à teologia, embora não a excluam. Frequentemente a filosofia tem sido considerada completo substituto da teologia, ou pelo menos a oferta de uma visão de mundo em que os teólogos têm de encaixar suas idéias da melhor forma possível. Até agora tem havido nenhum consenso harmônico sobre como as duas se relacionam. Mas precisamos ter em mente que a filosofia não é matéria como, digamos, a química, a física ou a literatura. Cada uma dessas tem um assunto próprio, mas a filosofia não tem uma esfera de ação própria. Estritamente falando, não existe filosofia propriamente dita.
         É sempre a filosofia de alguma outra coisa, a filosofia da ciência, a filosofia da moral(ética), a filosofia do conhecimento(epistemologia), a filosofia do ser(metafísica), a filosofia da linguagem e a filosofia a religião. É sempre essa outra coisa que fornece a matéria prima pra a filosofia.
          Os filósofos da ciência não possuem nenhum conhecimento superior que lhes dê um atalho para a verade científica, mas estão preocupados com o tipo de conhecimento obtido pelo cientista mediante as hipóteses, observações e experiências. Da mesma forma, os filósofos da religião não têm nenhum acesso superior ao seu assunto que seja negado aos mortais menos importantes. Mas realizam a importante tarefa, às vezes monótona, de fazer perguntas a respeito da linguagem dos teólogos e suas alegações da verdade. Isso leva de volta a Pitágoras e à sua afirmação de que o filósofo é um espectador imparcial. Para devida prática da filosofia, precisamos dar um passo atrás e refletir, mas também nos envolver. Um filósofo da ciência que não tenha experiência prática da ciência moderna dificilmente estaria apto a fazer pronunciamento sobre métodos científicos. O que é verdadeiro no reino da ciência natural não é menos verdade na teologia. 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

REVELAÇÃO E RAZÃO (COLIN BROWN)

"Revelação" significa o que Deus revelou; refere-se a Deus apresentando verdades que de outro modo não seriam conhecidas. A razão é o processo de alcançar conclusões lógicas de fatos e declarações que todos podem ver que são verdadeiros.
Revelação e razão são mutuamente excludente? De vez em quando as pessoas pensam assim. Às vezes, a diferença é utilizada contra a fé cristã, como quando as pessoas dizem: "Uma vez que a razão dá um fundamento adequado para viver, por que precisamos da fé?". Outras vezes, entretanto, são feitas tentativas para provar a existência de Deus apenas por meio da razão.
O notável exemplo disso é o Argumento Ontológico, pela primeira vez apresentado por Anselmo (1033-1109), que procura demonstrar a existência de Deus a partir da idéia de Deus. Deus é definido como o maior ser concebível. Tal ser deve existir, pois, se não existisse, não seria o maior ser concebível.
No pensamento tomístico, que segue Tomás de Aquino (1225-1274), a razão não recebe rédeas tão soltas, mas certa distância ainda fica preservada entre a razão e a revelação. Podemos chegar a certas verdades a respeito de Deus, como sua existência, quando utilizamos nossa razão para refletir no que vemos ser as causas naturais no mundo. Se não houvesse uma Primeira Causa, todo o curso de causa e efeito jamais começaria. Outras verdades, como doutrina da Trindade e o mistério da encarnação, não poderiam ser conhecidas se não fosse pela revelação.
Na teologia reformada, a revelação e a razão são às vezes nitidamente colocadas uma contra a outra. Isso serve para resguardar a verdade de que apenas conhecemos a Deus quando ele resolve revelar-se, contra todos os esforços humanos da filosofia e das religiões do mundo de fazer Deus à imagem da humanidade. Apenas Deus pode revelar Deus. Conhecimento de Deus é um dom do próprio Deus que não está à nossa disposição. E a nossa razão não é tão independente como às vezes pensamos. Na realidade ela somente é capaz de operar com fatos e idéias que vieram de fora.
Quando os cristãos afirmam conhecer a Deus mediante revelação, a razão não fica de maneira nenhuma anulada, pois sem razão não poderíamos discernir o que Deus está dizendo. Sem razão não poderíamos identificar nem interpretar nada. A fé precisa da razão. Caso contrário, jamais reconheceríamos aquilo em que cremos e em quem cremos. Até mesmo os que defendem as experiências espirituais ou carismáticas utilizam a razão para interpretar, para eles mesmo e para os outros, o que essas experiências significam. Os cristãos crêem que Deus é a fonte da razão, pois ele mesmo é supremamente racional. Com isso não queremos dizer que possa ser descoberto por meio de puro raciocínio, trabalhando nossas crenças simplesmente sobre o fundamento das idéias. Quando muito, tal raciocínio seria puramente abstrato e especulativo. Mas os cristãos crêem que nossa capacidade de raciocínio é um dom de Deus que tem o devido uso em todas as áreas da vida - mesmo em nosso conhecimento de Deus.

Damares-Sabor de mel

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O LUGAR DA TRADIÇÃO (TONY LANE)

"Tradição" vem de uma palavra que significa "passar adiante". Sempre que a fé é passada de uma pessoa para outra, a tradição está em ação. Uma mensagem na igreja, um livro lido, em casa, notas de rodapé usadas como auxilio na leitura bíblica, partilhar fé com um amigo - tudo isso é tradição em ação. Atradição também pode acontecer sem palavras. O estilo de vida do cristão é um maio de transmitir sua fé.
- A TRADIÇÃO E A BÍBLIA:
Bem no início da igreja, antes que o Novo Testamento fosse compilado, a mensagem cristã era transmitida apenas por tradição. Mas no devido tempo as Escrituras cristã foram coligadas e chamadas de "Novo Testamento", o que suscritaria a questão: como elas se relacionam com a tradição? Nos primeiros séculos foi simplismente aceito que o Novo Testamento e a tradição que veio dos apóstolos estavam em perfeita concordância. De modo geral isso era verdade.
Contudo, na Idade Média, surgiu a prática de usar a tradição como maio de justificar crenças que não se encontravam na bíblia - a respeito da Virgem Maria, por exemplo. Isso provocou uma forte reação dos reformadores - na verdade um dos ensinamento principais da Reforma era que toda a tradição devia ser testada pela Bíblia. Eles estavam longe de desprezar a tradição; pelo contrário, tinham grande consideração pelos pais da igreja primitiva e pelos credos da igreja. Mas todas essas autoridades, ainda que fossem respeitáveis, tinham de ser avaliadas pelo padrão da palavra de Deus contido na Bíblia. A igreja Católica Romana, por outra lado, continuou mantendo a autoridade das tradições que ela proclamava ter recebido dos apóstolos. Mas a maioria dessas tradições supostamente apostólicas era manifestadamente posterior na origem, e na prática as tradições somente eram aceitas se concordassem com as crenças católicas romanas.
Isso resultou na tendência, nos debates da Reforma e depois, de pensar nas "tradições" como um grupo de crenças e preticas específicas além do que a Bíblia ensina. Entretanto, nos anos recentes tem havido um retorno, tanto por parte dos protestantes como dos católicos romanos, ao conceito abrangente da tradição como fé cristã completa passada de uma geração para outra.
- PODEMOS PASSAR SEM A TRADIÇÃO:
É impossível para qualquer grupo, por mais informal que seja, existir por um período de tempo sem a tradição; tampouco isso seria aconselhável. O apóstolo Paulo instituiu Timóteo a ensinar e a transmitir a fé cristã que lhe fora entregue. A fé cristã normalmente passa de pessoa a pessoa, sendo transmitida, em outras palavras, pela tradição. Grande parte de nossa compreensão da fé chega até nós dessa maneira.
Como já se disse muito acertadamente, a atitude cristã para com a tradição é resumida no quinto mandamento: honra a teu pai e tua mãe. A tradição é a fé cristã passada a nós por nossos antepassados espirituais. Eles merecem o nosso respeito e honra. Desprezá-los e imaginar que podemos começar tudo de novo como se eles nunca tivessem existido e arrogância e tolice. Mas honrar os pais nem sempre é obedecer-lhes. Ouvimos humilde e respeitosamnete a voz da tradição, mas estamos sujeitos apenas à palavra de Deus. Há momentos que devemos dizer à tradição: "Devemos obedecer a Deus e não aos homens".

terça-feira, 4 de maio de 2010

A cosmovisão cristã (II)

Muitos leitores ocidentais, portanto, talvez precisem começar estudando as crenças cristãs a respeito de Deus, da humanidade e do universo, uma vez que sem essa estrutura essencial as outras crenças cristãs, como aquelas a respeito de Jesus Cristo, não podem ser compreendidas. Muitos leitores orientais talvez também precisem começar nesse ponto, ainda que motivos diferentes. Os hindus, por exemplo, acham quase impossível fazer uma distinção clara entre "Deus" e universo. Associam "Deus" tão intimamente ao universo que não conseguem pensar naquele como um ser pessoal que criou tudo. O budista parece dizer de um só fôlego que "não existe um Deus pessoal", mas no fôlego seguinte ele diz que "provavelmente não podemos saber".
Tanto, o hindu quanto o budista, portanto, vão achar difícil entender as afirmações que os cristãos fazem sobre Jesus Cristo a não ser que entendam a convicção cristã básica de que vivemos em um universo criado no qual alguma coisa foi seriamente abalada.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A cosmovisão cristã

Todos nós, tenhamos consciência disso ou não, temos uma cosmovisão---- isto é, um jeito particular de encarar o mundo.
As coisas mais básicas a respeito da cosmovisão cristã podem ser resumidas da seguinte maneira:
- O universo nem sempre existiu, e não vai existir para sempre na presente forma.
- O universo não apareceu por acaso; foi criado por um Deus pessoal e está sendo continuamente mantido por ele.
- As pessoas têm muito em comum com os animais, mas são especiais porque foram criadas para desfrutar de um relacionamento especial com o seu Criador.
Essas crenças foram aceitas sem questionamento pela grande maioria das pessoas no mundo ocidental durante muitos séculos. Contudo, nos últimos 200 anos, ou foram esquecidas, ou francamente desafiadas e rejeitadas. Isto significa que, para muitas pessoas no Ocidente, o Deus-Criador da crença cristã tradicional se tornou cada vez mais remoto, e a maneira cristã de considerar o universo não pode mais ser aceita como algo irrefutável.
continuarei depois.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

CLIP GOSPEL LAZARO BETEL

EDIFICANDO IGREJAS

A ilustração de um edifício em construção comunica perfeitamente o sentido do crescimento dinâmico da Igreja. O supremo arquiteto projetou, e ele mesmo é a base do templo que constroi.